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Entrevista com Walkíria Kaminsky
Entrevista com Walkíria Kaminsky

1) LC Menezes: Walkíria Kaminsky, qual a tua concepção de Arte Espírita? 

Minha visão sobre o tema Arte Espírita passa primeiro por algumas questões basilares tais como: 

 

O que é a Arte?

Arte pra mim e a manifestação mais intima e complexa do espírito humano esteja ele num plano de vibrações mais sutis ou na vida terrena.

 

Processo artístico:

O processo artístico tem início - nos mais profundos espaços da alma quando esta, cheia de sentimentos sublimes ou atormentada por seus infernos pessoais, precisa criar e assim, num processo catárquico, esvaziar seus psiquismo inundado de conteúdos maiores  do que o individuo nesse estado possa suportar. Nesses dois extremos da criação artístico catárquica podemos observar como exemplo nas artes plásticas desde quadros magistrais de William Turner e Monet como obras feitas por pacientes de hospitais  psiquiátricos que,  ao pintar ou desenhar imagens consideradas esteticamente feias e ate  assustadoras, liberam seus medos, aflições a ansiedades, conseguindo assim aliviar as tensões psíquicas que os levariam a crises  de delírio e desequilíbrio intimo.

 

Arte do espírito no plano terrestre:

Em ambos os casos, desde que a fonte da arte é o espírito do artista ou do doente mental, como não dizer que esta também é uma forma de arte do espírito encarnado sem ser arte espírita?

 

Arte do espírito nos planos mais sutis:

Nos planos mais sutis a arte do espírito tem no mínimo duas grandes vertentes as quais tenho a benção de conhecer: Arte Renascimento e Arte Regeneradora.

 

Arte Renascimento:

Seu objetivo é promover um segundo Renascimento terreno em todas as formas de Arte.

 

Arte Regeneradora:

Seu objetivo é trabalhar os sofrimentos da alma, esteja ela ou não encarnada através de muitos trabalhos tanto no plano terreno como nos círculos espirituais, no que cientistas e pesquisadores terrenos não espíritas já intitulam ha décadas de Medicina da Alma. Dentro dessa da vertente da Arte Regeneradora estão inseridos entre outros tantos, os trabalhos mediúnicos de Arte Fortalecedora da fé

e Arte Cura.

 

Arte Mediúnica:

Junção de duas esferas de artistas e médicos que se manifestando através de médiuns vem colaborar nos processo de cura das almas adoecidas de encarnados e desencarnados ligados às provações terrenas.

 

Processos de arte mediúnica fortalecedora da fé:

Nesses trabalhos, médiuns recebem obras que são idênticas em estilo e  perfeição artística ás feitas pelos artistas quando habitavam o mesmo plano terreno que nós, sua função principal é divulgar a existência da vida pós mortem física e fortalecer a fé na continuidade da vida na espiritualidade.

 

Processos de arte mediúnica regeneradora:

Nesses trabalhos médiuns recebem obras que trazem energias medicamentosas mais sutis para os presentes alem de recolher espíritos doentes para serem tratados nos ateliers da arte terapia das colônias espirituais.

 

Arte espírita:

Diante da complexidade do tema e do tempo em que vivemos, sob meu ponto de vista, toda Arte oriunda do espírito pode ser considerada e não classificada como Arte espírita sem ser obrigatoriamente doutrinária mas  que esta se fazendo visível e propiciando mudanças importantes em todos os recantos planetários e na esferas espirituais ao nosso redor.

 

Quanto a existir uma Arte Espírita, nos, médiuns da Arte vivemos numa paradoxal situação em virtude de que, de algumas décadas para cá nossa fé e nossas práticas cristãs passaram a incorporar a definição de “doutrina” como sinônimo do verdadeiro espiritismo.

 

Dentro dessa visão da “doutrina espírita”,em nome de uma pureza doutrinaria, houve uma verdadeira caça e exclusão de imagens de muitas casas espíritas por todo o país. Médiuns foram duramente criticados, excluídos e perseguidos em nome desta “pureza”, quadros com imagens e fotos como as do memorável Dr. Bezerra de Menezes foram retiradas das paredes e artigos publicados em revistas de alcance nacional listavam o que era e o que não era o ” verdadeiro” espiritismo. Entre as coisas listadas como não verdadeiramente espíritas, paradoxalmente, estava a Arte Mediúnica.   

 

Com o trabalho de Arte Cura aconteceu lamentável episodio que não presenciei e só me foi contado muito tempo depois. Obras que os mestres havia feito através de minhas mãos e deixado em determinada  cidade  de meu estado  natal fora levadas ao pátio da casa espírita e “purificados” numa fogueira. Companheiros de outros grupos de Arte Cura espalhados pelo país afora tiveram suas obras tomadas e foram convidados a sair de certas casas espíritas zelosas dessa “pureza doutrinária”.

 

Outro aspecto bastante complexo e polêmico diz respeito ao juízo de valores aplicados a quais espíritos são dignos ou não de pertencerem às falanges luminosas da espiritualidade.

 

Já fui seriamente repreendida por dirigente de algumas casas espíritas por que videntes me viram andar acompanhada  de espíritos muito trevosos e de baixo calão espiritual durante as apresentações publicas de Arte Cura .

 

As duras críticas eram principalmente em função de uma “cigana” inquieta e risonha e um negro deformado e em andrajos que ficava muito perto de mim dando ordens aos outros pintores.

 

Acontece que a “cigana” é ninguém menos do a grande pintora mexicana que Frida Khalo que gosta de surgir usando as mesmas roupas típicas  do povo campesino do México e que foram sua marca registrada em vida.   

 

Com o retorno programado de Rembrandt ao plano reencarnatório, o mestre Aleijadinho passou a coordenar o grupo de arte – cura  no qual fui acolhida  como suicida em tratamento pela mediunidade.

 

Em vida ele era negro, ficou aleijado  em virtude de desconhecida e dolorosa doença, morreu muito velho. Em sua humilde doçura, Aleijadinho, agora mestre maior desta parcela do Arte Cura, sempre aparece a meu lado usando os mesmos trajes escuros, empoeirados e rasgados nos joelhos do tempo em que, muito doente e cheio  de dores, se arrastava penosamente e nos quais alcançou tremenda iluminação.

 

Nas poucas vezes em ele se “distraiu” e não apresentou-se com a  aparência  de sua última encarnação, o ambiente  onde se  materializava iluminava-se com um tão poderoso sol dourado que mesmo de olhos fechados, eu me sentia cegar.

 

Em virtude desse e de outros lamentáveis fatos ocorridos durante a trajetória do Arte Cura, também me faço  essa pergunta: - Existe mesmo uma Arte Espirita?

 

Lamentavelmente, enquanto nos debatemos com questões tão primevas como esta, a medicina, particularmente a psiquiatria, já usam, sem discussões de mérito e “pureza”, a Arte como fonte de cura com inegável sucesso  nas instituições psiquiátricas  há mais de um século em todo o mundo.

 

Concluindo, neste momento posso afirmar que tenho sérios questionamentos como médium se existe uma Arte Espírita, mas como profissional pós-graduada  da área da Arte Terapia aplicada à saúde mental há mais de duas décadas, posso afirmar que há uma arte terrena que usada por médicos e terapeutas  em hospitais,consultórios e CRAS, restabelece equilíbrios, restaura, cura e que, do plano maior por obra do Sublime Artista,chega até nós uma arte trazida pelos amorosos espíritos  do bem, para curar e aliviar nossas almas  em expiação.

 

 

# Walkiria Kaminski, médium psicopictográfica, iniciadora do movimento Arte Cura no Brasil tem 59 anos, é mestre em Teoria Literária e Arte Terapia para a saúde mental, Profissionalmente trabalha como consultora educacional, é escritora de livros  didáticos e paradidáticos para crianças jovens, adultos  educação especial e inclusiva. Aplicando os conceitos de  Arte Cura associados à ciência, trabalha voluntariamente ha  quase 30 anos como Arte Terapeuta junto a médicos psiquiatras nas favelas brasileiras.